Em ofício endereçado à ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o juiz da 13.ª Vara Criminal de Curitiba, Fernando Bardelli Fischer, afirma que se tratou claramente “de um subterfúgio da defesa” a Reclamação que levou o ministro João Otávio Noronha, no último dia 30, a suspender o andamento da ação penal referente à Operação Rádio Patrulha, “trazendo considerável prejuízo à administração da Justiça”.
De plantão durante o recesso do judiciário, Noronha acatou pedido do ex-governador Beto Richa e de seu irmão Pepe Richa visando a suspender as audiências de instrução e de oitivas, marcadas com um mês de antecedência, a que os dois e outros 60 réus teriam de comparecer desde esta segunda-feira (4) até o início de março. Enquanto não for reformada a decisão de Noronha – o que pode ocorrer a qualquer momento por ato da relatora Laurita Vaz – todo o processo da Rádio Patrulha ficará paralisado.
Veja o que escreveu o juiz Fernando Fischer para a ministra:
Sempre no plantão ou em véspera de recesso. Virou moda. HCs impetrados 1 dia antes do recesso de julho no STJ, HC no plantão do TRF4, no plantão do STF… no plantão do TRF2. No caso do Richa e do Aécio, ambos ainda confiam nos favores das indicações, e suas defesas ainda insistem no jeitinho. O sistema de justiça necessita de defesas com base teórica e jurídica. Jogar tudo em um “pacote” para que o juiz estude é um verdadeiro “tiro no pé”. Se souber pedir e argumentar tecnicamente, as chances de encontrarem respostas coerentes serão maiores. Acabou essa advocacia de contatos e favores. A mídia não deixa passar! Ou se eleva o nível das discussões jurídicas, ou a advocacia será lembrada pelas discussões infundadas e retóricas de casos emblemáticos recentes. Falar bonito para o povo é fácil quando se quer ser político, mas escrever teses juridicas no papel é outra história. Só favores não bastam.