Intercept publicou apenas 1% das mensagens, diz jornalista

O jornalista curitibano Rafael Moro Martins, que faz parte da equipe do Intercept Brasil, revelou esta manhã em entrevista à Rádio T, que foi publicado até agora apenas 1% de todo o material  que o site divulgou no domingo (9) contendo diálogos entre o ex-juiz (hoje ministro da Justiça) Sergio Moro com o chefe da força tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol.

A entrevista de Rafael foi dada ao jornalista Narley Resende, que conduz o programa matinal Jornal TNews. Narley resume trechos:

TNews – Como foi que esse material chegou até o Intercept, foi um hacker? E no que consiste; veio em código compactado? São textos, áudios e vídeos, de qual período? 

Rafael Moro Martins – O material chegou até nós, como a gente já disse naquela espécie de editorial, que na verdade é mais uma nota de editores, que a gente publicou junto com as reportagens, por uma fonte que entrou em contato conosco e que disse que tinha um material para nos entregar. Isso é tudo que a gente fala sobre isso, porque, inclusive, é uma previsão constitucional no Brasil, ou seja, isso está na Constituição: jornalistas não são obrigados a revelar quem são suas fontes de informação. Isso quer dizer que a divulgação desse material é totalmente legal, amparado na lei, não tem nada de ilegal ou criminoso no que nós estamos fazendo, ao contrário do que o Ministério Público tem alegado na defesa que tem feito nessas últimas horas. 

TN – Existem, possivelmente, conversas de cunho pessoal entre os envolvidos. Quem tem teve acesso a isso e como o Intercept tem agido para separar esses conteúdos, como foi a decisão de publicar um material de origem ilegal? Ou seja, quais os critérios para definir o que tem e ou não relevância social?

Rafael – O critério é muito simples. Interesse público. Inclusive a gente parte exatamente da mesma premissa que o então juiz Sergio Moro adotou quando optou por vazar – vazar não é o termo adequado, mas dar publicidade àquelas conversas entre a então presidente Dilma e o ex-presidente Lula que tratava da indicação de Lula para um ministério. Isso foi meses antes do impeachment de Dilma. Esse critério é que conversas entre autoridades e pessoas poderosas do Estado e do governo devem ser de conhecimento da sociedade em uma democracia. É exatamente isso que a gente acha. O ex-juiz Moro já era uma figura muito poderosa quando era um magistrado, quando comandava – quando julgava, na verdade, mas a gente mostrou que ele também comandava – quando julgava os processos da Lava Jato e a própria Lava Jato se tornou um ator político relevante no País. Veja o impacto que as investigações tiveram nas últimas eleições, por exemplo, antes ainda, com a prisão de muita gente importante, com ações que foram desde o começo questionadas por partes. O ex-juiz Moro hoje em dia tem, inclusive, uma carreira política. Ele deixou a magistratura para assumir uma carreira política. Ele é um ministro de estado, ministros são políticos por excelência. Então, isso mostra que eles, da Lava Jato, e o ex-juiz Moro são pessoas que devem ser investigadas por jornalistas. A função da imprensa é jogar luz sobre gente poderosa como ele.

A gente não vai divulgar nada cujo conteúdo seja estritamente privado. A gente está pautando a divulgação pelo interesse público, ou seja, uma conversa que mostre um comportamento que a gente ache que é inadequado ou que excede o que deveria ter sido o comportamento ou ação dos procuradores, de outras pessoas envolvidas na Lava Jato, eventualmente de investigados, a gente vai divulgar, do contrário, não.

TN – As conversas seguem uma linha temporal clara? Por exemplo, é possível identificar a reação de procuradores aos fatos que ocorreram ao longo da Lava Jato? Há uma reação, por exemplo, dos integrantes da Lava Jato quando o desembargador Rogério Favreto concedeu habeas corpus ao ex-presidente Lula? 

Rafael – Sim, essas conversas, pelo que a gente pôde perceber até agora, é um material muito vasto. A gente tem dito em uma estimativa meio empírica é que a gente conseguiu ler 1% de todo esse material. E foi com base nessas leituras que a gente produziu essas três primeiras matérias. Isso dá uma ideia do volume do material que a gente tem. Elas (as conversas) começam em 2015. A gente até imagina que elas tenham começado quando houve aquele primeiro grande bloqueio no WhatsApp no Brasil, por uma decisão judicial, e muita gente passou a usar o Telegram. E elas vão até 2018 e algumas até um pouco além disso. Então, assim, sim, é possível traçar perfeitamente essa linha temporal. Inclusive, a forma como essas conversas estão montadas permite perfeitamente que a gente trace isso. A gente tirou esses trechos que a gente publicou de arquivos que permitem essa conexão temporal. A gente ainda não encontrou, mas certamente é possível que existam conversas daquele dia em que houve uma série de decisões sobre soltar e manter preso o ex-presidente Lula, foi em julho de 2018.

3 COMENTÁRIOS

  1. Um juiz pode ser meio burro, falar errado, se vestir mal, ser fedorento,
    ter cara de marciano com orelhinhas verdes e
    etc… Mas só não pode ser parcial, seja para que lado for. Juiz tem que ser imparcial. Não cumpriu esse requisito, não passa de um picareta. Simples assim.

  2. Não é ilegal
    Não foi hacker que conseguiu as informações.
    Vc é tonto, ou acha que o povo é tonto.
    Por que Gilmar Mendes chamava o rapaz de gangster?
    O intercept estava checando isto há tempos, deve ter sido por isso que alguém denunciu uma invasão para arrumar uma saida

  3. Identificado quem está de posse de mensagens de cunho particular obtidas de forma ilegal, caso divulguem (como já fizeram), que sejam processados de acordo com LEI Nº 12.737, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2012.
    Agora é assim, “roubam” informações de seu celular, sua comunicação privada e saem por aí dizendo que irão divulgá-la … assim na maior cara de pau????!!!! Veículos de comunicação desta estirpe são o que há de pior neste país… enganam pessoas ignorantes, os “idiotas úteis” ou “inocentes úteis”… Parabéns ao Sérgio Moro, pois mesmo diante de tantas falcatruas na tentativa de deteriorar sua imagem, continua demonstrando ser o homem ético no qual a população de BEM acredita (SIM, PESSOAS DE BEM APOIAM O COMBATE À CORRUPÇÃO, APOIAM A LAVA JATO E SÂO CONTRA O CRIME E IMPUNIDADE). Ser flagrado querendo acabar com a corrupção é uma honra e não uma ofensa, denota ainda mais sua honestidade.. Esta como tantas outras é uma mensagem que o moderador não irá publicar, por ser contrária ao viés esquerdopata-ideológico do site… mas vou encaminhá-la mesmo assim.

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