Falta pouco para Beto também se tornar reu

A avalanche de informações obtidas pelo Ministério Público Federal (MPF) e a postura do juiz Sergio Moro ao aceitar as denúncias e tornar reus 11 envolvidos na maracutaia da licitação da PR-323 indicam que o ex-governador Beto Richa esteve por triz para ser incluído também na relação de reus. Isto só não aconteceu porque ainda há investigações importantes em curso e que poderão caracterizar com mais clareza a participação do ex-governador nas ilicitudes já descobertas.

No despacho que proferiu aceitando a denúncia do MPF, Moro faz referência ao fato de a Justiça Eleitoral ter arquivado o processo em razão do entendimento (equivocado) de que Richa estava incurso apenas em crime de caixa 2. Os indícios evidenciaram que o problema não se restringia à esfera eleitoral como pretendiam a defesa de Richa e até mesmo o desembargador federal eleitoral Luiz Fernando Penteado, que no mês passado avocou para o TRE o julgamento do caso. Como o TRE arquivou, deixou de haver impedimento para que o juiz titular da Lava Jato voltasse a se responsabilizar pela causa.

Seria caixa 2 se os recursos arrecadados da Odebrecht em forma de propina tivessem sido exclusivamente usados em benefício da campanha re-eleitoral de 2014. Mas não: eles teriam sido utilizados também em negócios empresariais pessoais do ex-governador e de outros agentes públicos, que se aproveitaram pessoalmente de valores arrecadados ilegalmente também de outras empresas prestadoras de serviços para o governo do estado, especialmente na área abrangida pela secretaria de Infra-Estrutura e Logística, ocupada pelo irmão Pepe Richa.

A colaboração premiada do ex-diretor-geral do DER Nelson Leal Jr. dá pistas importantes neste sentido, como se pode ver nos quatro anexos já divulgados (aqui e aqui) por este Contraponto. Mas são muitos os outros anexos, ainda mantidos sob sigilo, que detalham outras operações criminosas e que, segundo fontes, implicariam ainda mais o ex-governador Beto Richa.

As revelações constantes destes anexos ainda sigilosos estão sendo objeto de investigações. Se comprovadas documentalmente, o próximo passo será a inclusão do nome do ex-governador com reu da ação penal derivada desta que o juiz Sergio Moro já abriu.

 

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