Exclusivo: conexões curitibanas na mega fraude dos hospitais do Rio de Janeiro

Investigações da Polícia Federal e dos Ministérios Públicos federal e estadual do Rio de Janeiro apontam para um gigantesco esquema de fraude envolvendo contrato de R$ 800 milhões para a construção emergencial de sete hospitais de campanha no estado para enfrentamento da pandemia do coronavírus pelo instituto IABAS. As investigações encontraram a participação no esquema de pelo menos uma empresa com sede em Curitiba – a Hera Serviços Médicos Ltda., subcontratada pelo IABAS, ficou com uma fatia desse contrato no valor de R$ 133.463.904,00.

As investigações fazem parte da Operação Favorito, desdobramento da Operação Lava Jato, e já renderam prisões decretadas pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.

A Hera Serviços Médicos faz parte de um grupo de empresas que ocupa o mesmo conjunto comercial no bairro Água Verde, em Curitiba. São pelo menos cinco empresas de acordo com registros de CNPJ na Receita Federal e Junta Comercial do Paraná, que indicaram o mesmo endereço: rua Cândido Xavier, 602, conjunto 302, Condomínio Hamilcar Pizzatto. Lá funcionam também a Hygea, a Prohealth, a Atmed e a Atena.

As cinco empresas “irmãs” estão divididas entre Thiago Gayer Madureira, Larissa Gayer Madureira e Guilherme Gayer Madureira.

Duas das empresas do grupo atuam na administração de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da prefeitura de Curitiba, terceirizadas em 2018 pela administração do prefeito Rafael Greca. A licitação indicou como vencedora a Organização Social Instituto Nacional de Ciências da Saúde (INCS), que por sua vez “quarteirizou” tarefas para as empresas Hygea e Atmed.

A terceirização de três UPAs de Curitiba só foi possível graças à articulação de Pier Petruzello, que conseguiu a aprovação da lei na Câmara Municipal em regime de urgência, apesar da forte oposição do Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) e de servidores municipais da saúde. O grupo Hygea é liderado pelo empresário Thiago Madureira, que aparece nas relações de doadores das campanhas de Pier – para vereador em 2016 e para deputado em 2018 – registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Não há evidências, porém, de caracterização de eventual favorecimento.

Exclusivo: conexões curitibanas na mega fraude dos hospitais do Rio de JaneiroA Hera aparece numa planilha do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (veja ao lado) como parceira do Instituto IABAS como beneficiária de mais de R$ 133 milhões para fornecer mão-de-obra para os prometidos hospitais de campanha. Dos sete contratados pela administração do governador Wilson Witzel, apenas dois estão funcionando precariamente. Todos deveriam estar em pleno funcionamento desde o fim de abril.

A Hygea, embora seu nome não apareça nos documentos a que o Contraponto teve acesso, também tem participação do esquema do Rio de Janeiro: em sua página na internet, a empresa anuncia estar contratando mão-de-obra para os hospitais de campanha fluminenses.

O programa Fantástico deste domingo, na Globo, fez reportagem e mostrou que, no Rio, o IABAS também atuava em parceria com “empresas irmãs” – nomes diferentes, mesmos sócios, quase todos parentes e nos mesmos endereços. Witzel demitiu seu secretário da Saúde e abriu sindicância.

Embora sua sede seja em São Paulo, o IABAS tem como presidente o empresário paranaense Antonio Carlos Romanoski (*), ex-diretor da Copel, e como advogado outro conhecido profissional de Curitiba, Roberto Bertholdo, ex-sogro do vereador Pier Petruzello, o líder do prefeito Rafael Greca na Câmara Municipal.

(*) – Após a publicação da nota por este Contraponto no início da manhã desta segunda-feira, o empresário Antonio Carlos Romanoski enviou mensagem para esclarecer que deixou a presidência do IABAS em agosto do ano passado, antes da eclosão das investigações de fraude nas relações ente o instituto e o governo do Rio de Janeiro. Atualmente, diz sua mensagem, a presidência da instituição é exercida pelo sr. Cláudio França.

Abaixo, relatório de investigação do Ministério Público Federal encaminhado para o juiz Marcelo Bretas, que conduz a Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, pedindo a adoção de medidas cautelares para os envolvidos:

 

 

3 COMENTÁRIOS

  1. Será que o ex-sogro ainda tem forte influência nos grandes tribunais para fazer tudo prescrever como nos bingos? Sempre os mesmos protagonistas e coadjuvantes, se alternando no rumo do país. Os mesmos advogados e mesmos doleiros, lobistas, parentes. O sistema não muda. Por que será que a PF e o MPF fazem investigações perfeitas e tudo termina no mesmo lugar? Se a Temis e a Furacão fossem hj, provavelmente haveria censura. Lastimável tamanha canalhice.

  2. Minha resposta é bastante simples. Nada de novidade em relação a mais uma provável falcatrua cometida por políticos. Então será que não estaria na hora de diminuir o numero de politicos ???Acho ser a única opção para diminuição de gastos com a manutenção desta turma toda e suas falcatruas.

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