Economista da Secretaria da Fazenda assume a direção de instituição fiscal do Senado

Vilma da Conceição Pinto, 31 anos, assessora da Secretaria de Estado da Fazenda, foi eleita nessa quarta-feira (7) pelo plenário do Senado Federal para exercer o cargo de diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada à Casa Legislativa, e se torna a primeira mulher negra a ocupar tal função. Ela deve deixar o cargo nos próximos dias e, como diretora, pretende contribuir com a discussão nacional da retomada da economia.

Mestre em economia empresarial e finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com dissertação sobre avaliação e estimação do resultado fiscal estrutural sob a perspectiva de uma regra de política fiscal, Vilma foi sabatinada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), na qual apresentou o atual contexto econômico e social do País. Ela tem experiência em finanças públicas e quer desenvolver novos estudos na área.

Criada em 2016, a Instituição Fiscal Independente do Senado busca ampliar a transparência nas contas públicas. A indicação foi feita pelo presidente da CAE, senador Otto Alencar.

“Acho que nós, mulheres, sempre temos que priorizar o ensino, que é o que possibilita o crescimento, e focar nas nossas competências. Temos muitas mulheres com potencial com cargos importantes, mas há alguns anos não era assim. Eu acho que estamos conseguindo espaço, conseguindo crescer, e, no meu caso, crescer como mulher negra”, ressaltou a economista.

Na Secretaria desde junho de 2020, a economista contribuiu com os trabalhos de controle fiscal durante a pandemia. O trabalho da pasta já foi reconhecido por agências internacionais e a Controladoria-Geral da União (CGU). O dia a dia incluía análises da conjuntura econômica, estudos específicos sobre economia, projeção de cenários e diálogo intersetorial com as diversas áreas da Secretaria.

Segundo o secretário da Fazenda, Renê de Oliveira Garcia Junior, Vilma é referência nacional em termos de finanças. “A economista Vilma da Conceição Pinto é um exemplo a ser seguido e uma prova de que é possível chegar onde queremos chegar, sendo capaz de superar as diversidades culturais e raciais impostas pela sociedade”, enalteceu. “Ela é jovem e mulher negra num País onde as minorias ainda são vulneráveis e vivem em total desigualdade”.

Trajetória – Vilma nasceu em Niterói (RJ) em uma família pobre. Não tinha referência familiar de pessoas na área de economia ou com nível superior. Ainda muito nova começou a fazer cursinhos comunitários e aos 16 anos, enquanto cursava o ensino médio, conseguiu um estágio em um shopping.

Com isso, a economia começou a crescer em seus sonhos e ela começou a pesquisar sobre tudo o que se relacionava com a área. Foi aí que decidiu prestar vestibular para o curso na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Foi aprovada e se formou em 2014. “No ensino médio eu trabalhei e estudei. Na graduação, misturei os estudos a um trabalho no call center ou fazendo estágio”, disse.

Depois conseguiu entrar no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde ajudou a produzir indicadores macroeconômicos. Do IBGE ela foi trabalhar com o economista Gabriel Leal de Barros no Instituto Brasileiro de Economia (FGV-IBRE) e ingressou na área de contas públicas.

Em 2014 seria contratada pelo IBRE como pesquisadora da área, representando o instituto em palestras e seminários. Em uma delas conheceu Renê Garcia Junior, que, em 2020, a chamou para trabalhar no Paraná. Ela já escreveu dezenas de textos para notas técnicas e artigos relacionados às finanças públicas das três esferas da federação. (AEN).

 

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