(por Ruth Bolognese) – A solidariedade de milhares de curitibanos pela tragédia que atingiu o coração da doceira Christiane Yared não foi suficiente para punir com cadeia o quem ela considera responsável pela morte do filho, Gilmar, num acidente de trânsito. Mas deu-lhe a maior votação do Paraná para deputada federal nas últimas eleições.
Não é a primeira e nem será a última vez que alguém ganha nas urnas o desagravo por uma injustiça. A dor é sentimento de fácil compreensão e espaço garantido na memória de todo mundo, dois elementos que valem ouro numa disputa eleitoral. A dor de mãe vai mais fundo ainda e, quando misturada com luta por justiça, aí fica impossível competir. É a história de Christiane, que agora se sente forte o suficiente para disputar o Senado com nomes tradicionais na política local, entre eles o do governador Beto Richa.
Mas se produz candidatos imbatíveis, a dor não transforma o sofredor num bom parlamentar. Dona Yared, na função legislativa, não domou os cabelos que compõem a imagem de Medéia em sofrimento agudo, o que é decisão de foro íntimo. Assim como não devolveu aos eleitores curitibanos, em termos de trabalho e atuação política, a confiança que lhe foi dada nas urnas, e isso é do interesse coletivo.
É colega de partido, no PR, um nanico fundado há 11 anos, do Tiririca. Cometeu cedo demais o pecado original do parlamento brasileiro e empregou o marido num bom cargo na Itaipu Binacional. Cargo abandonado pela má impressão do gesto. E a principal promessa de campanha – a de promover uma revolução em todas as esferas do trânsito nacional – se resumiu a alguns projetos ainda em estudos, nada que um Detran não possa realizar por conta própria.
Respeite-se a dor de Christiane, como mãe. Lute-se pela punição do responsável, o ex-deputado Carli Filho. Mas, em caso de voto na urna, o que deve ser levado em conta é o resultado do trabalho constante na Câmara Federal. Como diria aquela jornalista loira de Ponta Grossa, que se tornou musa da direita em São Paulo, “simples assim”.
Não voto mais não…. Golpista.
Infelizmente o poder subiu a cabeça e hoje em dia não faz nada a não ser plenejar a próxima eleição. E não esqueceremos jamais a tentativa de tentar ajeitar a vida do maridão no cargo dos sonhos na Itaipu.
O sentimento de reparar dano pessoal, mesmo na enormidade de uma perda humana jamais poderá levar ao sucesso, o sucesso do político somente se dará se a energia que o mover for o desejo de servir ao próximo ou como queiram chamar, povo, sociedade, irmãos. Sem isso serão sempre os mesmos!
Questione-se também que votar por solidariedade não produz um bom parlamentar, sequer para tentar sanar o que lhe causou a dor. E mais, dá armas, como um microfone, que é utilizado para detratar (com ou sem razão) quem considera desafeto – isto é vingança – o pior dos sentimentos.
A matéria exprime por si uma realidade, que vergonha senhora mãe Yared, seu papel de mãe perdeu-se diante o apelo do glamour. Vão – se os anéis mas ficam os dedos, foi-se o filho mas ficaram os desejos. Que lastima!!