(por Ruth Bolognese ) – O ex-presidente Lula ficou um pouco mais sozinho na cela da Polícia Federal em Curitiba: não ouvirá mais o “Bom dia Lula” que os acampados do PT davam início aos trabalhos de apoio e companhia à meia distância, todas as manhãs. Acabou-se o acampamento, pressionado pela vizinhança e pela óbvia inviabilidade do projeto.
É o primeiro desalento para Lula, que chega junto com o frio.
A notícia da prisão de Zé Dirceu é o segundo fato novo para o começo do inverno. Tempo ruim para se entregar e passar a cumprir uma pena de 30 anos. Ou, para quem já passou dos 70, na prática, é uma prisão perpétua.
O tempo vai passando e corroendo o futuro das duas maiores lideranças de esquerda do Brasil contemporâneo.
No fim de tantos enfrentamentos, Zé Dirceu lembra a filha temporã, Maria Antônia, de 7 anos, a quem não soube explicar o que iria fazer numa prisão por tanto tempo.
O ex-presidente Lula respira pelos aparelhos de Gleisi Hoffmann, a guardiã da voz e do pensamento dele.
E o inverno de Curitiba, que congela ossos e castiga os mais velhos, contribui para deixar tudo mais soturno.
O PT vive seu pior momento político.
O Brasil precisa construir um presídio, especial para ex presidentes e ex governadores, pois a continuar o atual modelo político que só permite a governabilidade pela troca por cargos e favores, e com a perseguição ultra moralista do judiciário, dá pra arriscar dizer que todos os próximos dirigentes do poder executivo serão em algum momento encarcerados.
Os melhores momentos foram os do Mensalão, do aparelhamento do Estado, do uso das estatais como moedas de troca, do afano e desmantelamento da Petrobras, do afano dos fundos de pensão. Ah! do Lula, as inexplicáveis e improdutivas viagens internacionais a bordo do AeroLula51. A bordo, mas sem constar o nome na lista de passageiros, uma transgressão da Lei de Viação Internacional, a asSEXOra Rosemary Noronha. Viagens, aliás, das quais, “coincidentemente” dona Marisa não participava.
Eu me compadeço. E neste compadecimento eu rezo. E rezo, rezo fervorosamente pra que o diabo os aceite e os acomode bem próximo do calor que é típico daquele lugar.