O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), encerrou a sessão da CPI, nesta quinta-feira (12), que ouvia o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR). Integrantes da comissão avaliaram que o deputado mentiu. Barros compareceu na condição de convidado. No novo depoimento, ainda sem data marcada, ele irá como convocado. A CPI também vai consultar o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o que pode ser feito no caso de um depoente parlamentar que minta à comissão.
A sugestão da consulta e de encerramento da sessão foi feita pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Como exemplo de mentira de Barros, Alessandro afirmou que a empresa chinesa Cansino disse manter interesse em vender vacinas ao Brasil, ao contrário do que sustentou o deputado.
Negativa – Ricardo Barros negou ter sido citado pelo presidente Jair Bolsonaro como possível envolvido em irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. Em depoimento à CPI, o parlamentar, que foi ministro da Saúde no governo Michel Temer, disse ainda não ter influência na pasta e nunca ter participado de negociações de imunizantes.
Barros disse aos senadores que Bolsonaro, na verdade, fez uma pergunta e não uma afirmação sobre seu nome: “Em todas suas falas, Miranda disse que o presidente na verdade perguntou se eu estava envolvido no caso e nunca afirmou que eu estava. O presidente nunca afirmou e não tinha como desmentir o que não afirmou”.
Denúncia – Barros foi parar na CPI depois que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) denunciou suspeita de irregularidades na contratação da vacina indiana Covaxin pelo governo federal. Miranda relatou que esteve reunido com Jair Bolsonaro e lhe informou o problema. O presidente teria dito então que “isso era coisa de Ricardo Barros” e que iria determinar uma investigação.
A denúncia resultou num inquérito da Polícia Federal, que apura se o presidente da República cometeu crime de prevaricação, caso não tenha tomado providências para apuração dos fatos.
Tensão – A reunião começou tensa, marcada por bate-bocas entre governistas e oposicionistas. A confusão começou já na primeira pergunta do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que exibiu um vídeo mostrando parte do depoimento do deputado Luis Miranda à CPI. Ricardo Barros começou a responder, foi interrompido por Renan e fez críticas à CPI, o que provocou reação do presidente, Omar Aziz (PSD-AM).
Para o representante do Amazonas, não era necessária a presença de Barros na CPI, bastava o presidente da República ter desmentindo o deputado Luis Miranda, o que Bolsonaro não fez em momento algum. (De O Globo e Agência Senado).