Foi negativa entre os principais líderes políticos do Chile a reação expressada pelo presidente Sebastián Piñera às declarações ofensivas de Jair Bolsonaro à ex-presidente Michelle Bachelet, Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Em discurso em Bruxelas durante assembleia do organismo, Bachelet lamentou que nos últimos meses o Brasil vem “reduzindo os espaços democráticos” e criticou as políticas de direitos humanos que passaram a prevalecer no país sob o governo Bolsonaro.
Bolsonaro reagiu: considerou o discurso como uma intromissão na soberania brasileira e se referiu ao pai das ex-presidente chilena, o brigadeiro Alberto Bachelet, como militante de movimentos comunistas combatidos pela ditadura de Augusto Pinochet nas décadas de 70 e 80 para evitar que o Chile se tornasse “uma nova Cuba”.
Alberto Bachelet foi preso, torturado e morto pelo regime.
O presidente Piñera disse que não compartilhava da opinião de Bolsonaro sobre sua antecessora, “principalmente em assunto tão doloroso quanto à morte de seu pai”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Iván Flores, lamentou que Piñera “não tenha sido categórico”. “Infelizmente, o presidente não foi categórico em relação às declarações do presidente Bolsonaro, a quem dizemos ‘preocupem-se com os incêndios na Amazônia que você ajudou a provocar. As declarações dele são imprudentes e agressivas”, afirmou.
Outro líder político do Chile, o senador Alejandro Navarro, disse que a resposta de Piñera ao presidente brasileiro “está longe da altura de um presidente da República que diz que condena a violação dos direitos humanos na ditadura”. E em comunicado a Divisão das Américas da Human Rights Watch, afirmou que esperava do presidente “declarações importantes e firmes rejeitando os ataques vulgares e ofensivos de Bolsonaro contra Michelle Bachelet e sua família.”