Arcebispo de Curitiba defende padres que pediram verbas do governo em troca de apoio

Ao participar de videoconferência promovida pela CNBB para debater a repercussão do pedido de verbas publicitárias para emissoras católicas que padres fizeram ao presidente República, o arcebispo de Curitiba, dom José Antonio Peruzzo, saiu em defesa do padre Reginaldo Manzotti, dono da rede de televisão Evangelizar, porta-voz da reivindicação dirigida a Jair Bolsonaro. Dom Peruzzo contrariou a opinião de outros bispos que se mostraram incomodados com a má repercussão do pedido por verbas e outras facilidades, principalmente porque envolvia, em troca, a oferta de apoio ao governo.

Ícone pop da Igreja, Mazotti verbalizou na reunião com Bolsonaro a proposta de outros padres e leigos conservadores que controlam boa parte do sistema de emissoras católicas de rádio e TV ligados à ala opositora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), prometendo “mídia positiva” para ações do governo na pandemia do novo coronavírus. Em contrapartida, porém, pediram anúncios estatais e outorgas para expandir sua rede de comunicação.

A proposta a Bolsonaro foi feita no dia 21 de maio, em videoconferência da qual participaram sacerdotes, parlamentares e representantes de alguns dos maiores grupos católicos de comunicação, no Palácio do Planalto. A reunião foi pública e transmitida pelas redes sociais do Planalto e pela TV Brasil. Na “romaria virtual”, o grupo solicitou acesso ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e, principalmente, à Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).

A má repercussão do evento levou o presidente da CNBB, dom Walmor Azevedo, a convocar reunião remota, no último dia 9, com bispos das dioceses a que pertencem os padres que participaram da videoconferência com Bolsonaro. Além do de Curitiba, participaram também os arcebispos de Campinas, Goiânia e São Paulo. Todos demonstraram descontentamento, com exceção de dom Peruzzo, que dias antes já havia saído em defesa da estratégia, contrariando publicamente uma nota de repúdio da CNBB, que se disse “indignada” com a “barganha” proposta a Bolsonaro.

No mesmo dia da reunião dos bispos, o Conselho Nacional do Laicato do Brasil, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz, a Conferência Nacional dos Institutos Seculares e o Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara expressaram “total e irrestrita” concordância com a CNBB.

“Repudiamos, veementemente, qualquer atividade religiosa que ousa comercializar a fé, principalmente quando eventuais negócios se realizam com promotores de políticas que produzem a morte (necropolítica)”, escreveram os colegiados. “Consideramos melhor uma Igreja pobre e verdadeira do que preocupada em negociações de verbas publicitárias e outorgas de concessão pública.” As quatros entidades afirmaram “não reconhecer” a representatividade da Frente Parlamentar Católica na Câmara dos Deputados, que intermediou a videoconferência com o Palácio do Planalto.

O arcebispo de Curitiba, dom José Antonio Peruzzo, no entanto, procurou ser mais compreensivo. No dia seguinte à reunião na CNBB, ele deu entrevista à TV Evangelizar (do padre Manzotti), quando argumentou que, mesmo em ambientes coesos e harmônicos, ocorrem mal entendidos. “As amarguras fazem parte dos ambientes mais nobres e o perdão também. “Embora irmãos vivam a fraternidade, às vezes surgem diferenças e divergências. Não foi conflito, foram diferenças marcadas por mal entendidos involuntários. Há quem queira dizer que há rupturas internas na CNBB. Não houve nada disso.”

Segundo ele, não há qualquer intenção de neutralizar, restringir ou criar resistências à atuação das TVs católicas e rádios.

3 COMENTÁRIOS

  1. SOMOS O CHÃO QUE PISAMOS.
    É um ditado sábio que nos leva a autocrítica. Hoje vivemos momentos de muita tensão política e as novas mídias junto com a imprensa tradicional tem explorado a realidade sob diversos ângulos e finalidades. Não acredito que o padre concorde com a liberação de armas para a população, nem com a extinção de programas sociais, nem que os fins justificam os meios. Jesus Cristo expulsou os vendilhões do templo e disse que o reconstruiria em 3 dias. São 20 séculos da Igreja de Jesus, que não quer mais acender fogueiras.

  2. O povo católico quer seguir a igreja pois ajuda de todas as formas com todo que é tipo doações para que ele possam ter rede de televisão, rádios, hospitais, jornais, universidades e outras coisas mais e o que fazem alguns padres vão procurar um fascista e desagregador igual Bolsonaro para oferecer a ele um trabalho de convencimento ao seguidores da igreja católica que o seu desgoverno é bom para o povo, pelo amor de Deus que os sábios bispos e padres não se deixem envolver por esse governo fascista e salvem a nossa igreja .

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