Alep presta solidariedade irrestrita à Ucrânia

A perplexidade mundial provocada pelas imagens e notícias da invasão russa à Ucrânia causa uma apreensão ainda maior no Paraná, Estado que concentra cerca de 80% dos imigrantes do leste europeu que vivem no Brasil. Por isso a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) abriu suas portas nesta segunda-feira (7) para uma Sessão Especial em Solidariedade Incondicional à Ucrânia e ao Povo Ucraniano, que chegam a quase 500 mil ucranianos e descendentes no Estado.

Vários representantes do país que vivem no estado puderam externar o sofrimento diante da guerra deflagrada há 12 dias, mas principalmente exaltar a coragem e o orgulho diante da resistência ucraniana.

A solenidade foi proposta pela Mesa Executiva da Assembleia, formada pelo presidente Ademar Traiano (PSDB), pelo primeiro secretário, Luiz Claudio Romanelli (PSB), e pelo segundo secretário, Gilson de Souza (PSC) e contou com o apoio dos demais deputados.

“É o primeiro ato de um parlamento em apoio irrestrito à Ucrânia e à maior comunidade ucraniana do país, que tem nosso respeito e admiração por mais de 100 anos de história no Paraná. Um manifesto com eco em todo o Brasil, em solidariedade a este povo neste momento tão difícil”, afirmou o presidente Ademar Traiano.

“Queremos demonstrar nosso apoio incondicional, solidariedade, respeito e abraçarmos essa comunidade que escolheu nosso estado para viver. O Paraná é terra de todas as gentes e os ucranianos encontram aqui oportunidades, trouxeram uma inegável contribuição e nos ensinaram muitos com a sua cultura”, ressaltou o deputado Romanelli. “Declaramos nosso total repúdio ao ataque russo e o parlamento do Paraná reforça a defesa da democracia e que seus preceitos devem ser aplicados em qualquer lugar do mundo. A paz tem que prevalecer. Viva a Ucrânia”, acrescentou.

A bandeira da Ucrânia foi hasteada em frente à sede do Poder Legislativo, juntamente com as bandeiras do Brasil e do Paraná. Desde o dia 1º de março a Assembleia também está iluminada com as cores da bandeira da Ucrânia, em uma singela homenagem do Poder Legislativo à resistência do povo ucraniano.

O presidente da Representação Central Ucraniana Brasileira, Vitório Sorotiuk agradeceu a homenagem da Assembleia.  “Nós como brasileiros descendentes de ucranianos, ao vermos a bravura e coragem dos nossos soldados e do povo frente ao segundo exército do mundo nós sentimos cada vez mais ucranianos. E vendo uma solidariedade como essa, do povo do Paraná, da Assembleia Legislativa e esse fluxo imenso de apoio do país nos sentimos também cada vez mais brasileiros”, declarou.

O vice-governador Darci Piana garantiu que o Paraná estará de portas abertas para acolher e dar a liberdade que os ucranianos precisam. “Essa homenagem é extraordinária e nada mais justo do que essa solidariedade a todos e, especialmente, aos que lá estão sofrendo todas as atrocidades que são até maiores do que estamos vendo”, afirmou.

Osnei Standler, prefeito de Prudentópolis, onde 75% da cidade de 52 mil habitantes são descendentes de imigrantes ucranianos também lamentou os horrores que já estão sendo vistos na guerra. “O cenário de devastação é incapaz de nascer de uma mente humana. Mas bomba nenhuma bomba é capaz de destruir a crença e as raízes de um povo”, discursou.

No dia da invasão, a prefeitura encaminhou ofício à Ternópil, considerada uma cidade-irmã, oferecendo refúgio para moradores do país frente.

Coordenador do Movimento Humanitas Brasil Ukraine, Vitor Hugo Burko falou do trabalho de arrecadação insumos médicos e alimentos, que conta com a ajuda do governo do Paraná para reduzir barreiras e facilitar a logística de envio. “Hoje o mais importante é a doação em dinheiro para facilitar a compra na Europa e acelerar a logística de entrega”, explicou.

Bailarina

Uma ucraniana em especial tinha ainda mais vivo o sofrimento enfrentado pela guerra. Sem falar português, Darina Konstantinova, de 25 anos, pouco entendeu da maioria dos discursos na Assembleia, mas sentiu e agradeceu muito a solidariedade ao país que ela deixou para trás poucos dias ante da invasão russa.

A famosa Diva Darina — nome artístico — chegou a Curitiba dois dias antes do início dos ataques e o país acabou se tornando o refúgio dela, já que não pode retornar à Ucrânia. “A tensão era enorme, mas ninguém imaginava que isso iria acontecer”, disse com auxílio da amiga Linda Mueller que a abriga na capital paranaense e ajuda como intérprete.

Com mais de 350 mil seguidores nas redes sociais, ela usa os contatos para disseminar notícias reais sobre a guerra e pedir apoio e ajuda aos ucranianos. Tudo isso enquanto tenta tirar a mãe do país. Angelica Konstantinova, de 47 anos, mora em Khmelnitski, município de 270 mil habitantes a cerca de 5 horas de trem de Kiev.

“Meu pai trabalha no governo e não vai sair e ela tem um abrigo com 13 gatos e não quer deixa-los”, contou enquanto mostrava áudios da mãe interrompidos por avisos de bombardeiro.

Presenças

Entre os convidados estiveram Mariano Czaikowski, Consul Honorário da Ucrânia em Curitiba; Sergio Maciura, presidente da Câmara de Industria, Comercio e Inovação Brasil Ucrânia; Dom Volodemer Koubetch, arcebispo Metropolia Católica Ucraniana São João Batista – Igreja Greco Católica; Dom Jeremias Ferrens, Arcebispado da Igreja Ortodoxa Ucraniana na América Latina; Anderson Fogaça, juiz auxiliar da presidência do TJPR; o deputado federal Pedro Lupion, vereadores Mário Ignácio, representando a Câmara Municipal de Curitiba, e Marcio Barros, além do ex-deputado Felipe Lucas.

 

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