A reunião de Richa e o termômetro da fidelidade

As coisas estão colocadas mais ou menos assim: quem é a favor de Beto Richa é contra Cida Borghetti. E vice-versa. Maniqueísmo puro.

Provavelmente munidos de binóculos de longo alcance, aliados de Cida Borghetti e de seu marido, o deputado Ricardo Barros, vão anotar os nomes de prefeitos e deputados que comparecerem na manhã desta terça-feira à reunião que Beto Richa convocou para marcar a retomada de sua campanha ao Senado no pós-prisão. A vigilância vai funcionar como um “termômetro da fidelidade”, na expressão de um colaborador muito próximo da campanha de reeleição de Cida ao governo do estado.

A mesma fonte relativiza a decisão: a espionagem não vai servir para marcar com ferro os prefeitos e deputados que atenderem ao convite de Beto e para, automaticamente, tirá-los da lista de amigos que recebem benefícios do governo. Não se trata de uma preparação para eventual “vingança” contra os infieis, mas simplesmente de fazer um reconhecimento do terreno para que Cida fique sabendo onde pisa.

A linha foi definida pelo conselho político da campanha da governadora e adotada lá atrás, antes mesmo da formação da coligação e mesmo da renúncia de Beto Richa que propiciaria a assunção de Cida, então vice, à cadeira de governador. Já havia desconfianças de ambas as partes, tanto que Richa só confirmou que deixaria o governo depois de se sentir seguro de que eram sinceros os compromissos de que, como governadora, Cida preservaria o legado dele e, principalmente, seus amigos.

Já nos primeiros dias, tais compromissos (se realmente firmados) foram quebrados. Iniciou-se uma “limpeza” dos quadros. Dezenas de protegidos do governo anterior foram exonerados. Não foram poupados nem os mais amigos de Richa, casos de Deonilson Roldo (o “primeiro-ministro”) e Ezequias Moreira.

Depois, criaram-se dificuldades para que Beto Richa, como pretendia, fosse candidato único ao Senado pela coligação, alijando da disputa o deputado Alex Canziani (PTB), opção preferencial de Ricardo Barros. Beto esteve a ponto de se desligar e se bandear para o lado de Ratinho Jr., mas encontrou também aí uma barreira intransponível. Chegou a pensar em sair candidato “avulso”, isto é, apenas com seu PSDB, sem coligação alguma.

Acabou prevalecendo o meio termo: Canziani foi mantido e Beto ficou com direito de ocupar apenas metade do latifúndio.

A campanha conjunta começou assim mesmo em clima de beligerância, até que o caldo entornou de vez semana passada quando Beto Richa e companheiros foram presos pelo Gaeco em razão de atos suspeitos de corrupção em seu governo.

Diante da repercussão negativa, a coligação tirou do ar toda a propaganda eleitoral de Beto Richa e, nesta segunda-feira (17) a governadora Cida Borghetti escancarou a divergência ao exigir que o ex-governador retirasse sua candidatura.

Instalou-se então o maniqueísmo: quem discordar de Cida vai à reunião de Beto Richa. E vice-versa. E aí começa a funcionar o termômetro da fidelidade.

3 COMENTÁRIOS

  1. Não será para perseguir, apenas para conferir, kkkkkk conta outra. O que estão fazendo com os Prefeitos e Primeiras damas não é brincadeira, só pressão, afinal Ricardo Barros sabe muito bem fazer isso. É cobra engolindo cobra.

  2. Ilmo. Jornalista.

    Ilmos. Leitores.

    De plano cabe mencionar que causa espécie o fato de não ter ocorrido nenhuma operação, nenhum ato, nada em relação ao Sr. Tarcísio Mossato (ex-Presidente do IAP).

    Teria este senhor algum tipo de super poderes?

    Ou se trata de um vestal da honestidade?

    Sem investigar este senhor não há como haver a fumaça do bom direito.

    Não, assim não pode ser.

    Leonir: esperamos que assim não seja.

    Periculum in mora.

    Alaor.

  3. Imaginem ter como secretário de estado da administração uma pessoa que foi citada na delação da Odebrecht como intermediário do recebimento de propina. Além disso, essa pessoa foi denunciada pelo Ministério Público por organização criminosa e fraude a licitação na Operação Riquixá, que investiga fraude na licitação do transporte público de Curitiba.

    Este é Fernando Ghinhone, tesoureiro das campanhas de Beto Richa e secretário da Cida Borghetti

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