Há 43 anos, exatamente no dia 17 de julho de 1975, curitibanos faziam festa com a neve que embranqueceu telhados, jardins e carros na cidade. Crianças e adultos fizeram festa – repetindo o que acontecera em 1928, quando Curitiba recebeu neve ainda mais intensa.
No dia seguinte, o tempo extremamente frio e a geada negra no interior dizimaram a maior riqueza do Paraná – seus cafezais, os maiores, mais ricos e produtivos do país. Foi-se também a produção de trigo, assim como hortaliças e pastagens. O desastre econômico para o estado foi enorme – em seguida recuperado por ação intensa do governo estadual, na época comandado pelo governador Jayme Canet.
Sementes de trigo importadas do México, adaptadas às condições de solo e clima do Paraná, foram plantadas para a safra seguinte e devolviam ao estado a condição de maior produtor nacional. As plantações de café, erradicadas, deram lugar às lavouras mecanizadas de soja e às pastagens. O interior se esvaziou e Curitiba cresceu e mudou ao receber os migrantes da geada aos milhares.
O vídeo faz parte do acervo que o jornalista José Wille mantém no Portal Memória Brasileira.
E no dia seguinte, 18, instalou-se a indústria da mudança. Caminhões lotados delas debandando para Rondônia, pros dois Mato Grosso, prá São Paulo, pro entorno Curitibano. No Noroeste, o êxodo rural deixou Maria Helena, com pouco mais de 8 mil habitantes. Tinha 40 mil. Só Nova Esperança, graças à diversificação – cerâmicas, bicho da seda, urucum conservaram a população antes-geada. Enquanto isso, Tamandaré, Colombo, São José dos Pinhais, etéque, triplicaram os seus viventes em menos de 10 anos. Crescimento? Não. Inchaço.