Divididos em dez celas da galeria 6, atualmente 12 presos condenados pelo juiz federal Sérgio Moro estão no CMP. Entre eles, o ex-presidente da Petrobrás Aldemir Bendine, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), o ex-deputado petista André Vargas, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genu – os dois últimos chegaram na quarta-feira passada, após confirmação de suas condenações em segunda instância. A reportagem é do jornalista Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba do jornal O Estado de São Paulo.
No complexo, além “dos Lava Jato”, estão reclusos os internos que cumprem medida de segurança – os inimputáveis, ou os “louquinhos”, na gíria da cadeia -, os doentes ou em tratamento, os presos especiais – como ex-servidores, ex-policiais, agentes penitenciários, bombeiros – e os mais velhos do sistema estadual.
Ala da Lava Jato. Nos prédios em que ficam os presos inimputáveis e os doentes a situação é a mesma da maioria das unidades prisionais do País: superlotação, falta de condições adequadas de saúde e higiene e maior periculosidade. Com celas maiores, de 16 metros quadrados, elas têm oito camas de concreto no chão, mas chegam a abrigar até 14 detentos. Papel higiênico e escova de dente são itens de luxo em muitas delas e é constante a reclamação sobre ratos e baratas no ambiente.
O alojamento mais novo do CMP, à esquerda de quem entra na unidade, é onde estão os presos da Lava Jato e os presos com direito especial. Com celas de 12 metros quadrados, três camas de alvenaria, com pequenas divisórias, uma pia e um bacia turca (chamada de boi), a vida nesse ambiente é menos calamitosa.
Com 32 cubículos com capacidade para 96 presos, a ala 6 nunca fica lotada: “os Lava Jato” ficam em dois ou um por cela na galeria 6, que está acima da galeria 5 – de igual tamanho e capacidade. Em contagem recente de preso, a “ala dos Lava Jato” tinha 58 pessoas e a de baixo 121 internos. Além dos presos por ordem de Moro ficam nesse espaço “os velhinhos” – detentos com mais de 60 anos – e acusados de outros escândalos de corrupção, como os da Carne Fraca – que apurou fraudes no Ministério da Agricultura -, da Quadro Negro – de desvios em obras de escolas no Paraná.
Nessa ala, os cárceres são repletos de utensílios, caixas com documentos, TV, rádio. Segundo a denúncia, os presos ali passam o dia em conversas sobre política, banhos de sol no pátio em horários fora do padrão, partidas de dominó, xadrez, baralho e refeições especiais.
Sob sigilo. Nem os procuradores nem a PF comentam as investigações em andamento. Em 2016, um procedimento foi aberto após denúncia de uso de celular e destruição de provas pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht. Por isso, ele teria sido transferido em fevereiro daquele ano de volta para a carceragem da PF.
Vistoria em agosto de 2016 chegou a localizar um carregador de celular na cela 602, que era ocupada entre outros pelo ex-ministro José Dirceu, mas o aparelho não foi localizado. A carta que denuncia regalias diz que presos da Lava Jato “usam celular à vontade” no complexo.
Mas prender tucanos nem pensar. Isso ainda vai dar merda.