O compadre Olegário e a visita a Palmeira

(por Gerson Guelman) – Um dos objetivos do meu Blog é servir para contar um pouco dos “causos” e experiências acumulados nos meus quase 70 anos.

E uma fase muito boa da minha vida foi o período em que administrei a propriedade da família Guelmann no Município de Ponta Grossa, perto da Estação Ferroviária de Desvio Ribas.

Entre 1968 e 1972, lá na “Fazenda Guavirova”, nome da área adquirida por meu avô Salomão, executei um projeto de florestamento de um milhão e seiscentas mil árvores. Foi, como disse, uma época extremamente feliz, e aos poucos vou dividir com meus leitores algumas histórias passadas lá.

Esta primeira é deliciosa.

A fazenda era cortada por duas estradas de ferro. Quando o vovô a comprou, já existia a Curitiba-Ponta Grossa, por onde se chegava lá: o trem parava em Desvio Ribas e da Estação até a sede o transporte era de charrete. Não peguei esta época, mas sei que alguns dos meus leitores lembram disso. Bem mais tarde o Governo construiu a Ferrovia Central do Paraná e a antiga linha deixou de operar.

No trecho já sem uso da antiga Rede de Viação Paraná – Santa Catarina moravam o “Compadre Olegário” e a “Comadre Rita“. Olegário era funcionário aposentado da Rede e fazia parte da turma encarregada da manutenção da linha na época em que os trens transitavam. Não se sabe se por generosidade ou descuido da empresa os velhos continuaram morando na mesma casa onde criaram os filhos, que a essa altura já haviam ido embora.

Abro um parêntese para dizer que a Comadre Rita era extremamente ciumenta; o casal já havia passado dos 80 mas ela mantinha o marido sob marcação cerrada, mesmo morando em lugar praticamente isolado.

Certa vez Olegário foi intimado por amigos, também aposentados da RVPSC, a acompanhá-los numa ida a Palmeira. A cidade era acessível a pé pelo leito desativado da ferrovia que atravessava a ponte sobre o rio Tibagi, dividindo os municípios de Ponta Grossa e Palmeira.

Ressabiado, talvez pressentindo problemas com a mulher, Olegário tentou recusar o convite, mas a pressão dos companheiros fez com que se juntasse a eles.

Chegando em Palmeira, e a pretexto de tomar uma cerveja, o líder da turma sugeriu que fossem à “zona”. É fácil imaginar a cena: um grupo de 3 ou 4 “rapazes”, o mais novo com seus 70 e muitos anos, numa tarde de folguedos!

Chegando no “estabelecimento”, beberam umas poucas cervejas e dançaram – apenas dançaram – com as moças.

Resumindo: na volta para casa, antes mesmo de os amigos cruzarem a ponte do Tibagi, a comadre Rita já estava inteirada de tudo. E ao entrar em casa Olegário foi submetido ao interrogatório:
– “Olegário, é verdade que você esteve na Palmeira”?

Percebendo a inutilidade da negativa, Olegário assentiu e a mulher não perdoou:
– “Olegário, é verdade que você esteve na zona?”

Vendo que havia caído numa arapuca, Olegário meneou a cabeça afirmativamente, enquanto Rita emendava:
– “Olegário, é verdade que você tomou cerveja?

Um resmungo afirmativo, e o golpe fatal:
– “Olegário, é verdade que você dançou com uma puta?”.

Sentindo trilhos e dormentes ruírem sob seus pés, Olegário tentou a explicação que lhe pareceu a mais aceitável:
– “Dancei, Rita. Mas era uma puta séria”.

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