Escândalo de Paranaguá se repete na Região Metropolitana

(por Ruth Bolognese) – O governador Beto Richa chamou de “ilações insanas” as denúncias do Ministério Público que apontam tráfico de influência e vantagens indevidas na compra de áreas no Eixo Modal de Paranaguá pelo incorporador, sócio e amigo da família Richa, Theodócio Jorge Atherino. Mas, o mesmo padrão, ou o método, que levou o inquérito para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) se repete na Região Metropolitana de Curitiba.

Com o mesmo incorporador, Jorge Atherino, e o mesmo grupo de empresas.

Os dados e a sistemática estão a céu aberto. Basta apenas unir os pauzinhos. Em 28 de março de 2017, o governador Beto Richa homologou o projeto de pavimentação de um trecho de quatro quilômetros de uma via rural no bairro do Agaraú, em São José dos Pinhais, no trecho que liga o município a Fazenda Rio Grande. Além da pavimentação, obras de melhorias como iluminação , construção de calçadas e rampas de acessibilidade.

Os recursos, de R$ 5,5 milhões, foram financiados pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), com contrapartida do município de São José dos Pinhais. A área total da obra é de cerca de 90 mil m².

A obra era necessária para a população, vital para os dois municípios e o governo fez o seu papel. O que chama a atenção é a série de empreendimentos imobiliários feitos pela Green RF Participações – nada menos que 7 grandes loteamentos, todos com a marca Green, entre lotes e áreas para a construção de barracões industriais. E justamente nessa região da Região Metropolitana, que agora passa por grande valorização com as obras feitas pelo governo.

Os mesmos

A RF Participações, que está em nome de Flora Atherino Leite, é a mesma empresa que reúne a Green Logística – que comprou a área do Eixo Modal de Paranaguá – um mês antes de o governador Beto Richa decretar a área de interesse público e abrir caminho para a construção de estacionamentos de caminhões e pátio para containeres na Serra do Mar, de proteção ambiental.

Flora Atherino Leite é mulher de Jorge Atherino, conhecido como “Grego”, amigo próximo da família Richa desde sempre.

Segundo o Ministério Público, que investigou por meses a fio o processo que decretou o Eixo Modal de Paranaguá, uma empresa, de nome BFMAR, aparece como sócia do grupo criado pelo incorporador Jorge Atherino. As iniciais BFMAR, conforme o MP apurou, significam Beto, Fernanda, Marcelo, André e Rodrigo. Estas denúncias já se transformaram num inquérito que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), para onde seguem as ações contra políticos com foro privilegiado, mandou prosseguir há duas semanas.

Explicações

O inquérito vai obedecer os trâmites legais no STJ, mas o governador Beto Richa deve explicações detalhadas aos paranaenses. Pra começar, deveria responder claramente as seguintes questões:

1)A BFMAR pertence à família Richa?

2) A BFMAR é sócia do grupo Green no Eixo Modal de Paranaguá e nos Empreendimentos Green na Região Metropolitana?

3) Qual é o papel do incorporador Theodócio Jorge Atherino no governo Richa?

Com respostas claras, o governador Beto Richa e sua família evitam as “ilações insanas” feitas por qualquer pessoa, com um mínimo de bom senso, diante de vultosos negócios que surgem à margem das decisões do governo sobre áreas públicas.

Também o empreendedor Theodócio Jorge Atherino tem espaço neste Contraponto para se pronunciar.