Inocente, coronel acusado de “serial killer” processa o Estado

O coronel-bombeiro Jorge Thais Martins, acusado injustamente de ser um “serial killer” que comandava assassinatos de traficantes e drogados no bairro do Boqueirão, move ação de indenização por danos morais contra o Estado. O processo deu entrada da 5.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba na semana passada e tantas são as provas de sua inocência que não restam dúvidas de que ganhará a causa.

Entretanto, nada restituirá o moral abalado e o sofrimento imposto à família em razão do pré-linchamento que sofreu por parte da Polícia Civil que, sem provas ou com provas absolutamente falsas, o levaram inclusive a cumprir 30 dias de prisão. Após colocadas as investigações sob mãos mais responsáveis, o Ministério Público isentou-o de qualquer participação em chacinas, os verdadeiros assassinos foram identificados e o Tribunal do Júri em breve marcará data para levar a julgamento cinco reus do caso.

O calvário do coronel Martins, ex-comandante do Corpo de Bombeiros e hoje na reserva, começou em 2009, quando um filho seu foi assassinado defronte à casa da namorada, vítima de uma tentativa de assalto. No fim de 2010 e início de 2011, ocorreu uma série de execuções no bairro e boatos levavam a atribuir ao coronel uma suposta atuação vingativa. Foram nove mortes e cinco feridos. Vítimas sobreviventes, induzidas por investigadores da Polícia Civil, citaram que os homicídios teriam ocorrido a mando do “coronel bombeiro”.

Foi o que bastou para que fosse decretada a prisão temporária do coronel, mesmo sem nenhuma prova cabal ou mesmo evidências de que os denunciantes falavam a verdade. A Polícia alimentou a imprensa com informações que levaram à crença quanto à culpabilidade de Martins, ao mesmo tempo em que sonegava outras linhas de investigação que já levavam à identificação dos verdadeiros criminosos.

As testemunhas não falavam a verdade. Falavam o que a polícia queria que falassem. Mas, aprofundado o inquérito pelo Ministério Público, foram identificados os cinco verdadeiros autores da chacina, que nenhuma ligação tinham com o coronel Martins. O MP ofereceu a denúncia contra os cinco homicidas e demonstrou a completa inocência do militar.

Os erros da Polícia Civil causaram traumas pessoais e familiares irreversíveis que a eventual reparação pecuniária não será suficiente para curá-los.

Mas são uma demonstração de que o abuso pode produzir casos tão emblemáticos como o das acusações falsas, a desmoralização pública e prisão do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, professor Luiz Carlos Cancellier. Inocente, mas envergonhado, preferiu o suicídio.

 

7 COMENTÁRIOS

  1. Se fosse um auxiliar de pedreiro ou um soldado da PM estaria condenado com 01 único reconhecimento, mas se tratando de Coronel ex comandante geral dos bombeiros, 13 reconhecimentos sequer denunciado foi, BRASIL ………ARISTOCRACIA.

  2. Eu “sabia” que ele era inocente. Infelizmente, intrigas entre as corporações existem. Mas não restam dúvidas que a inocência não é inimiga dos fatos.

  3. Lembro dessa situação, armaram feio para os PMs, o único que tinha motivação cometer os crimes, era o coronel do bombeiro, perdeu um filho no local. Não irá a júri porque tem muitos oficiais do alto escalão que lhe ajudaram.

  4. Se 13 reconhecimentos fotográficos, e pessoais (filmado) com a ilustre presença de um “promotor” de justiça coagindo e indagando as vítimas que reconheciam o coronel, promotor fazendo o papel de advogado constituído (nunca vi isso), se isso não é prova desconheço o que venha ser, ministério público não o denunciou com 13 reconhecimentos, vítimas sobreviventes e denunciou PMs no ouviu dizer, denúncias “anônimas”, muito mais fácil tirar um coronel do alto escalão e jogar essa carnificina em peixes menos graúdos. Quem escreveu essa nota desconhece o processo, e quem comenta aqui, infelizmente desconhece menos ainda.

  5. Vamos combinar que a polícia civil não tem como fazer o serviço dela tão bem qto devia, pois está cuidando dos presos que, segundo consta, deviam estar sob cuidados do judiciário…ou não? Obviamente isso não tem nada a ver com o coronel e sua vida que foi desgraçada pela ganância da polícia em apontar o culpado e cessar a matança no Boqueirão….haviam coincidências estranhas que levavam à desconfiança de que eram crimes de vingança, de fato eram, mas o vingador não era esse senhor…ainda bem que ele tem uma família muito amorosa que o acolhe e proteja, pq senão ele poderia ter feito besteira como o reitor. Os jornais na época também deitaram e rolaram no coronel e nos leitores ajudamos no apedrejamento …mesma coisa do reitor… quanto compartilhar foi feito: reitor desvia 20 milhões da Ed a distância!! Realmente não deviam prende-la se não tinha prova, mas o moro fez escola né…daí muita gente se empolgou e quer ser o herói da vez, tal qual fez o delegado floropolitano. São ambas história a tristes. É bom ler, botar o rabo entre as pernas e refletir.

  6. Somente um Estado de completo desgoverno, inapetência e incompetência governamental nunca vistas, pode ser cadinho para esse tipo de injustiça. Agora a sociedade, já exaurida de “xoques de jestão”, deverá arcar com a indenização devida ao prejudicado. É a irresponsabilidade campeando, pois que, o direito de regresso do Estado contra os causadores do prejuízo quiçá se perderá nas calendas …

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